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A Gravura de Carlos Oswald (1882-1971)

Dedo de Deus, maciço rochoso na Serra de Teresópolis, Carlos Oswald

Dedo de Deus, maciço rochoso na Serra de Teresópolis, Carlos Oswald (Gravurista e pintor brasileiro, 1882-1971), gravura em metal, 20 x 27 cm, Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Rio de Janeiro, Brasil

O primeiro contato que tive com as gravuras de Carlos Oswald (1882-1971) foi por meio das poucas expostas no MASP. Porém, no acervo do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) do Rio de Janeiro encontram-se outras cinquenta e oito obras.

Carlos Oswald, artista ítalo-brasileiro, é sem dúvida um dos maiores expoentes da gravura artística brasileira. Nascido em Florença, na Itália, em 1882, Oswald foi registrado no Consulado Brasileiro e residiu no Brasil até o ano de 1971, quando faleceu em sua casa de Petrópolis. Movido pelas propostas dos movimentos europeus que já viam há muitos anos a gravura como expressão artística, Carlos Oswald inaugurou a primeira oficina de gravura brasileira, no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Desde então, dedicou-se por quase quarenta anos ao ensino e à difusão da gravura artística, sendo inclusive responsável pela primeira exposição de gravura realizada no Brasil, em 1919. Vários de seus alunos fazem parte da moderna e premiada gravura artística no Brasil. Não é de conhecimento geral, mas seu nome também está ligado à concepção do monumento o Cristo Redentor. Foi de seu ateliê que saíram os croquis enviados a Paris e que possibilitaram a execução da obra pelo escultor francês de origem polonesa Paul Landowski.

Carlos Oswald (1882-1971)

Considerado o mestre da calcogravura brasileira, Carlos Oswald teve direta influência em uma nova concepção da forma de gravar. Têm sido observado que “a gravura, antes vista como apenas um meio de reprodução, inspirada no trabalho de terceiros, passa a sair diretamente das mãos de quem a concebeu, passando a ser vista como meio de pura expressão”. A atuação de Oswald como professor foi fundamental para que a técnica passasse a ser reconhecida, respeitada e divulgada. Ele imprimiu caráter expressivo à arte da gravura e buscou apoio para suas ideias, “em uma sociedade que ainda a via como mera representante técnica e apenas um processo de reprodução menor, longe de qualificá-la como arte em si” (cf. aqui).

Paralelamente ao ofício de gravador, Oswald desenvolveu intensa atuação no campo da pintura, técnica em que emergiu com trabalhos datados desde início do século XX. Atuou também nas áreas de vitral, pintura mural e ilustração. Com relação às obras de caráter religioso, Oswald executou inúmeras gravuras, pinturas, desenhos e guaches ligadas ao tema sacro.