Língua Portuguesa – Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Soneto “Lingua Portuguesa”. Olavo Bilac, 1865-1918. In: Poesias. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1964, p. 262)
Camões lendo “Os Lusíadas” aos frades de S. Domingos, 1925, António Carneiro (Pintor português, 1872–1930), Óleo sobre tela, 188 X 264, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
Camões lendo “Os Lusíadas” aos frades de S. Domingos, 1927, António Carneiro (Pintor português, 1872–1930), Óleo sobre tela, 190 x 265 cm, Casa-Oficina António Carneiro, Porto, Portugal