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A Entrada de Lutero no Mosteiro – Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther’s entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels (German Belgian-born Academic Painter, 1830-1904), oil on canvas, 121 x 135.5 cm, Wartburg Foundation (Wartburg-Stiftung), Eisenach, Germany.

A entrada de Lutero no mosteiro dos eremitas agostinianos, em Erfurt, deu-se em 17 de julho de 1505, duas semanas após o incidente da tempestade e dos raios. O referido mosteiro era de uma ordem muito austera. Em cerimônia especial, Lutero foi feito noviço ou principiante. Ajoelhado diante do prior – monge responsável pelo mosteiro – suplicou de Deus a graça e a misericórdia. O prior lhe fez perguntas sobre a sua vida passada e relembrou-lhe de que a vida que estava para enfrentar seria difícil. Enquanto um coro de monges cantava um hino, Martinho vestiu o hábito branco e o manto preto por sobre ele. Um monge raspava o topo da cabeça, o que é conhecido como tonsura. Foi-lhe dado um pequeno solidéu preto para que o usasse todo o tempo. Desse momento em diante, seria chamado de “Irmão Martinho”. Durante os dois primeiros meses, Lutero foi cuidadosamente observado. Se mudasse de ideia, poderia ainda deixar o mosteiro. Mas seu único pensamento era manter a promessa feita a Sant’Ana.

Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

O desapontamento de muitos levou-os a uma grande indagação: “Por que um jovem e promissor estudante de Direito haveria de mudar tão repentinamente, e tornar-se um monge?” Interiormente, Martinho era dominado pelo sentimento de pecado e culpa. Como um monge, ele poderia despender todo o seu tempo em meditação religiosa, oração e boas obras. Ele temia o inferno e o purgatório e anelava obter a salvação. Mas sentia ser impossível obtê-la por si mesmo, embora se esforçasse. Sem a certeza de que os seus pecados tinham sido perdoados, Lutero tinha um medo terrível da morte. Esse medo deitou raízes profundas enquanto estudava em Erfurt. Certo dia ele feriu-se acidentalmente na perna, com sua espada. O sangue jorrou abundante e a perna começou a inchar. Pensando que ia morrer, teria clamado: “Ó Maria, ajude-me”. Um médico estancou o sangramento e a perna sarou, mas Lutero tremia toda vez que pensava em como tinha estado próximo à morte.

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

Durante seus anos como noviço, Lutero aprendeu o estilo de vida do mosteiro. Ocupava uma pequena cela sem aquecimento, com menos de sete metros quadrados, tendo por mobília uma mesa, uma cadeira e uma cama de palha. Como exercício, os monges caminhavam em duplas pelo pátio. Sete vezes ao dia iam à capela para sessões de adoração. “Irmão Martinho” aprendeu a passar com duas refeições por dia, ou uma apenas, se fosse dia especial de jejum. Em sua cela, passava longas horas em oração, leitura e meditação profunda. Dedicou-se intensamente às autoflagelações e à confissão. Assim passou-se o ano do noviciado, e Lutero parecia ter obtido paz de espírito. Ao fim desse período, ele fez os seus últimos votos monásticos, a saber, os votos de pobreza, de castidade e de obediência. Em sua ordenação, atirou-se horizontalmente sobre o chão, com os braços entendidos, em forma de cruz. O prior o aspergiu com água benta, e o coro entoou canções tristes pela morte do velho homem e canções jubilosas pelo nascimento do novo. Lutero era inteiramente um monge ao levantar-se. Logo depois disso, ele foi escolhido para tornar-se sacerdote. Durante oito ou nove meses estudou os livros que expunham os sacramentos. Sua ordenação aconteceu em 4 de abril de 1507, e em 2 de maio Lutero celebrou a sua primeira missa, para qual convidou o pai.

DETAIL: Luther's entry into the monastery (Luthers Eintritt ins Kloster / Luther im Augustiner-Kloster zu Erfurt / Luthers Aufnahme im Augustinerkloster Erfurt / A Entrada de Lutero no Mosteiro), 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels

Atualmente, o Mosteiro Protestante Agostiniano em Erfurt é um monumento ímpar do estilo arquitetônico das ordens religiosas na Idade Média. É um importante centro nacional e internacional da Reforma Protestante e reconhecido como local para convenções, eventos culturais, turismo e peregrinação.

Em sua tela, Ferdinand Pauwels retrata o momento em que Lutero é recebido no mosteiro. O jovem Lutero traja as vestes seculares e traz sob o braço esquerdo dois volumosos livros que preservara. Ele tem o olhar focado em sujeição, com a cabeça levemente inclinada, sobre a qual ainda não se aplicou a tonsura, semelhante àquela dos dois clérigos que o recebem. Os monges vestem o uniforme negro de hábito e têm as faces enrugadas. O prior do mosteiro oferece as mãos, acolhendo com elas a direita de Lutero. O gesto é de boas vindas, mas tudo sinaliza austeridade. Os olhares deixam claro que o momento é de solenidade e compromisso. Antecipa-se um penoso tempo adiante. O segundo monge está ao fundo, à entrada da clausura, de onde se tem um pequeno vislumbre do azul celeste. Este monge repousa a mão direita sobre o peito; o braço esquerdo encontra-se estendido rente ao corpo e a mão porta um claviculário com grandes chaves. Estas relembram as pesadas e rangentes portas de madeira do lugar, que será a residência do jovem Martinho pelos próximos anos. 

Confira ainda: 1) O jovem Lutero canta diante da senhora Ursula Cotta em Eisenach – Ferdinand Pauwels, 2) Amigo de Lutero atingido por um raio – Ferdinand Pauwels, 3) Martinho Lutero Descobrindo a Justificação pela Fé – Edward Matthew Ward e 4) Erasmo, Lutero e o “Livre Arbítrio”. Recomendo ainda a leitura de “Os 500 anos da Reforma Protestante, que abalou o mundo”, pela jornalista Míriam Leitão, aqui.