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Martinho Lutero Descobrindo a Justificação pela Fé – Edward Matthew Ward

Martin Luther Discovering Justification by Faith (Martinho Lutero Descobrindo a Justificação pela Fé), 1868, Edward Matthew Ward

Martin Luther Discovering Justification by Faith (Martinho Lutero Descobrindo a Justificação pela Fé), 1868, Edward Matthew Ward (English Academic Painter, 1816-1879), oil on canvas, Bob Jones University Museum & Gallery, Greenville, South Carolina, USA.

Eu fora tomado por uma extraordinária paixão em conhecer a Paulo na Epístola aos Romanos. Fazia-me tropeçar não a firmeza de coração, mas uma única palavra no primeiro capítulo: “A justiça de Deus é nele [no Evangelho] revelada” (Rm 1.17). Isso porque eu odiava esta expressão “justiça de Deus”, pois o uso e o costume de todos os professores me havia ensinado a entendê-la filosoficamente como justiça formal ou ativa (como a chamam), segundo a qual Deus é justo e castiga os pecadores e injustos. Eu não amava o Deus justo, que pune os pecadores; ao contrário, eu o odiava. […] Aí Deus teve pena de mim. Dia e noite eu andava meditando, até que, por fim, observei a relação entre as palavras: “A justiça de Deus é nele revelada, como está escrito: o justo vive de fé”. Aí passei a compreender a justiça de Deus como sendo uma justiça pela qual o justo vive através da dádiva de Deus, ou seja, da fé. Comecei a entender que o sentido é o seguinte: Através do evangelho é revelada a justiça de Deus, isto é, a passiva, através da qual o Deus misericordioso nos justifica pela fé, como está escrito: “O justo vive por fé”. Então me senti como que renascido, e entrei pelos portões abertos do próprio paraíso.

[Martinho Lutero, 1483-1546, monge agostiniano e professor de teologia germânico que se tornou reformador e ministro protestante. Citação extraída da introdução da primeira edição de suas obras em latim em 1545. Cf: “A Epístola do Bem-aventurado Apóstolo Paulo aos Romanos”. In: Martinho Lutero; Obras selecionadas. vol. 8. Trad. Luís H. Dreher. São Leopoldo/RS: Sinodal, RS: Concórdia, 2003, pp. 242-243. Recomendo a leitura de “Os 500 anos da Reforma Protestante, que abalou o mundo”, pela jornalista Míriam Leitão, aqui.]