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Imitação e Responsabilidade – Georg Simmel

Infanta Margarita Teresa in a Blue Dress (Infantin Margarita Teresa [1651-1673] in blauem Kleid / L'Infante Marguerite-Thérèse d'Autriche en robe bleue / La Infanta Margarita en azul), 1659, Diego Velázquez

Infanta Margarita Teresa in a Blue Dress (Infantin Margarita Teresa [1651-1673] in blauem Kleid / L’Infante Marguerite-Thérèse d’Autriche en robe bleue / La Infanta Margarita en azul), 1659, Diego Velázquez (Spanish Baroque Era Painter, 1599-1660), oil on canvas, 127 × 107 cm (50 × 42.1 in.), Kunsthistorisches Museum, Vienna, Austria. Large size here.

A imitação poderia designar-se como uma transmissão psicológica, como a transição da vida do grupo para a vida individual. O seu fascínio consiste, antes de mais, em que ela nos possibilita um fazer apropriado e significativo mesmo onde, no plano, nada de pessoal e criativo emerge. Ela poderia denominar-se como o filho da reflexão e da irreflexão. Proporciona ao indivíduo o sossego de não permanecer sozinho no seu agir, mas apoia-se nos exercícios habituais da mesma atividade como num firme alicerce, que alivia o ato presente da dificuldade de se suster a si próprio. Onde imitamos, deslocamos não só a exigência da energia produtiva de nós para o outro, mas também ao mesmo tempo a responsabilidade por este agir: ela liberta assim o indivíduo da dor da escolha e deixa-o, sem mais, aparecer como um produto do grupo, como um receptáculo de conteúdos sociais.

[Georg Simmel, 1858-1918, sociólogo alemão. In: Filosofia da Moda e Outros Escritos. 1ª edição. Tradução de Artur Morão. Lisboa, Portugal: Edições Texto & Grafia, 2008, p. 22. Itálicos meus. Original: Georg Simmel. Philosophische Kultur. 2. Auflage. Leipzig: Alfred Kröner Verlag,  1919, s. 26. Quem segue um protótipo não precisa cair numa imitação inautêntica, pois “há um seguir genuíno no sentido da verdade do legado e da tradição. O ato de seguir torna-se, porém, mera imitação, quando, em vez de ter lugar a partir da verdade do legado, ocorre a partir da inverdade, da ambiguidade, da curiosidade e da tagarelice do domínio público da Gente”. BINSWANGER, Ludwig. Três Formas da Existência Malograda; Extravagância; Excentricidade; Amaneiramento. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977, p. 211]

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