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Frédéric Chopin: À Noite Sonhamos

À Noite Sonhamos

“Música e Liberdade são a mesma coisa. Ambas pertencem ao mundo… Frederic Chopin é polonês; seu povo deve ser livre”.

A Song To Remember (À Noite Sonhamos), 1945

À Noite Sonhamos (A Song To Remember, 1945), EUA, 112 minutos de duração, com direção de Charles Vidor, é um filme que retrata, de forma romanceada, a vida de um dos maiores gênios da música de todos os tempos — Frédéric Chopin (Cornel Wilde). Depois de ser expulso da Polônia, por se recusar a tocar para o governador Czarista, Chopin e seu professor musical fogem para Paris. Lá, Chopin conhece a escritora Aurore Dupin (Merle Oberon) — mais conhecida pelo pseudônimo masculino que usava para assinar seus livros, George Sand — por quem se apaixona. Debilitado fisicamente e temendo que seu romance se torne público, Chopin, acompanhado de Sand, viaja para Majorca, onde o clima úmido e chuvoso favoreceria o agravamento de sua tuberculose.

Essa adaptação para as telas rendeu seis indicações para o Oscar, incluindo Melhor Ator (Cornel Wilde) e Melhor Roteiro Original. O filme foi produzido para promover o discurso em favor da liberdade da Polônia (então sob o domínio nazista, afinal foi a invasão dela que provocou a Segunda Guerra e logo mais tarde, pelos russos novamente). Paul Muni, no papel do professor de Chopin, é um grande destaque. O crítico de cinema Rubens Ewald Filho sugere até que, por causa dele, “o filme fica desequilibrado e podia se chamar ‘O Professor de Chopin’.” Naturalmente a história contada tem pouco a ver com a verdadeira história do músico. Tendo em vista a vida e obra de Chopin, o título em português não é exatamente ruim.

A trilha sonora do filme é simplesmente soberba, e só por isso já compensa assisti-lo. O álbum contém 16 das mais conhecidas músicas do compositor polonês, entre elas: Noturno Opus 9 nº 2, Estudo Revolucionário (Dó menor) Opus 10 nº 12, 15º e 16º Prelúdios Opus 28, Estudo Opus 10 nº 3 (Tristesse), Primeira Balada Opus 23 e muitas outras. A música piano da trilha sonora é executada por José Iturbi.

Ao Piano

Falar em Chopin é falar em piano. A maioria esmagadora de suas obras é para esse instrumento, e mesmo suas obras orquestrais o incluem. Ele é amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. Várias de suas obras têm influência do folclore polonês, como é o caso das mazurcas e das polonaises.

Suas músicas mais famosas pertencem ao período parisiense. São obras breves que garantem a imortalidade de Chopin, não apenas por sua profusão de belas melodias, mas também por suas harmonias inovadoras e utilização de todos os recursos do piano, explorado como o mais lírico dos instrumentos.

Da Polônia para o Mundo

Frédéric François Chopin — ou Fryderyk Franciszek Chopin no original polonês — nascido em 22 de fevereiro de 1810, era filho do professor francês Nicolas Chopin, que dava aulas de língua e literatura francesas, e da pianista polonesa Justina Krazizanovska.

Frédéric François ChopinChopin teve uma infância culta. Aos seis anos passou a ter um professor de piano, Adalbert Zwini, que lhe apresentou as obras de Bach e Mozart. Seu primeiro concerto público ocorreu quando ele tinha oito anos. Na mesma época viu publicada sua primeira obra, uma polonaise. Prosseguiu conciliando seus estudos no Liceu de Varsóvia com as aulas de piano.

Em 1825, apresentou-se para o czar Alexandre I. No ano seguinte ingressou no Conservatório de Varsóvia, onde iniciou seus estudos com o compositor Joseph Elsner. Em 1830, dias antes de eclodir a Revolução Polonesa contra a ocupação russa, Chopin resolveu deixar Varsóvia e partir para Viena, que vivia sob o regime autoritário de Metternich. Nunca mais retornou à Polônia. Em julho de 1831, o jovem Frederic Chopin chegava a Paris. Trazia na bagagem algumas poucas de suas melhores obras e um amor inabalável por sua terra natal.

Em Paris encontra rapidamente a fama e o sucesso. Seu perfil reunia os predicados para ser aceito na sociedade francesa. Além disso, os poloneses contavam com a simpatia do povo francês, o que lhe facilitou ainda mais a estadia em seu novo país. Tímido e reservado, de maneiras aristocráticas, Chopin destacou-se primeiramente como concertista de piano e professor, no que era muito requisitado pelas famílias ricas. Seu virtuosismo ao piano, somado ao seu aspecto doentio, contribuíam para a difusão da imagem do gênio. Em Paris tornou-se amigo de Franz Liszt, Hector Berlioz, Vitor Hugo e toda a plêiade de artistas que estava na capital francesa nessa época. Conheceu músicos consagrados, como Rossini e Cherubini e outros de sua geração, como Mendelssohn e Schumann.

Jovem, solteiro, rico e bem posicionado na capital francesa, a popularidade de Chopin era enorme. Muito cortejado, teve um envolvimento com Aurore Dudevant, mulher que assinava seus escritos com o nome de Georges Sand, e vestia-se como homem.

Uma das irmãs de Chopin já havia morrido de tuberculose. O “mal do século” também o atingiu. Passou um longo período, junto de Georges Sand, na ilha espanhola de Majorca. Ali seu quadro de saúde agravou-se. Em 1839, os dois voltaram para a França e em 1847 romperam definitivamente o relacionamento.

Em 17 de outubro de 1849, aos trinta e nove anos, a tuberculose o matou. Chopin foi sepultado em Paris. Alguns de seus amigos poloneses trouxeram um jarro de terra proveniente de sua terra natal, e a espalharam por seu túmulo, para que Chopin se mantivesse em solo polonês. Era sua última vontade e sua última declaração de amor à Polônia. Seu coração foi colocado dentro de um dos pilares da igreja de Santa Cruz, em Varsóvia, conforme o seu pedido. O coração foi colocado debaixo da inscrição do Evangelho de Mateus 6.21: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também seu coração”.

Em 2008, estudos de Wojciech Cichy, da Faculdade de Medicina da Universidade de Poznan, atribuíram a morte de Chopin a uma fibrose quística, contrariando a versão tradicional de que teria morrido de tuberculose.