Depressão e Graça – Wilson Porte Jr.
(…) A presença pastoral – O significativo gesto (…) convoca a presença do ministro evangélico para o contexto do sofrimento do rebanho de Cristo, em suas mais variadas expressões. O exercício da poimênica não pode prescindir de inserir-se na trama da vida real, aplicando o “azeite” aos dilemas cotidianos do povo. Nisto, Wilson alinha-se ao melhor da clássica poimênica cristã, inclusive a pietista e puritana, em seu desvelo e cuidado frente aos sofrimentos da pessoa humana. Infelizmente, o século vinte, particularmente no contexto da controvérsia liberal-fundamentalista, assistiu a alguns rompimentos com esta preciosa e bíblica tradição. O resgate do papel do ministro nesta dimensão é, em si mesmo, de valor inestimável.
O exercício da compaixão – Quando ministrou a parábola conhecida como a do “Bom Samaritano”, Cristo ensinou que nossa primeira reação (e dever) frente a uma pessoa que sofre deve ser a compaixão. (…) Até mesmo, e principalmente, o ministrar do evangelho deve ser expressão de amor a Deus e compaixão pelo outro. Ainda quando pecado e calamidade estiverem de mãos dadas, perder a compaixão significará deter a longanimidade.
A preciosidade da graça – O cristianismo reformado exalta a graça, e gloria-se no evangelho. Em meio à humanidade “miserável”, “perdida” e “cega”, a graça de Deus, mediada por Cristo, vem abrindo olhos, aliviando medos, oferecendo direção aos perdidos, gestando esperança real e trazendo bem-aventurança aos indignos. Aqueles que sofrem os mais duros golpes das variadas expressões das “depressões”, podem ainda cantar que a graça, que os trouxe até o presente momento, irá conduzi-los seguros à casa paterna. “A terra em breve se dissolverá como a neve, o sol deixará de brilhar, mas Deus, que me chamou aqui nas profundezas, será para sempre meu”. Sim, para todos quantos sofrem, a graça de Cristo continua sendo abundante e preciosa. Ainda hoje, o “suave e doce som” pode ser ouvido em meio às depressões.
(…) Compadeça-se dos aflitos e sobrecarregados, ministre humildemente aos seus corações sofridos e angustiados, e exalte confiantemente a graça de Deus, que a todos, indistintamente, encontra em absoluta miséria e desamparo.
[SANTOS, Gilson. Extraído de “Prefácio”. In: PORTE JR., Wilson. Depressão e Graça; O Cuidado de Deus diante do sofrimento de seus servos. São José dos Campos (SP): Editora Fiel, 2016, pp. 21-23]