“Paysannes au travail” – Georges Seurat
Paysannes au travail (Farm Women at Work), 1882–83, Georges Seurat (French Pointillist Painter, 1859-1891), Oil on canvas, 38.5 x 46.2 cm (15 1/8 x 18 1/4 in.), Solomon R. Guggenheim Museum, New York, USA. High resolution here.
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Não é possível uma adequada compreensão do desenvolvimento da obra de Georges Seurat sem levar em conta as várias dezenas de pinturas a óleo que ele produziu nos anos anteriores à sua mais conhecida pintura, Bathers (Banhistas, 1883-1884). Trabalhadores rurais e camponeses estão entre os temas mais consistentes dessas primeiras obras. A obra acima, Paysannes au travail (Camponesas no Trabalho), é um dos mais conhecidos exemplos. Os trabalhos de Seurat nesta fase refletem a grande influência de Jean-François Millet (1814-1875), o famoso pintor realista francês que, sendo um dos fundadores da Escola de Barbizon, dedicou-se a temas rurais.
Ao contrário de Millet, que se aventurou profundamente no campo, Seurat encontrou seus temas nos subúrbios de Paris, que em 1880 eram zonas de conflito entre o avanço da industrialização e o deslocamento da vida rural. Era como se os camponeses suburbanos estivessem perdendo a sua identidade para a modernização. A obra “camponesa” de Seurat é marcada, assim, por um momento congelado no tempo, em que se encontram unificadas a generosidade da colheita, a dignidade do trabalho e a integração com a natureza. Seurat conseguiu esta síntese através de técnicas inovadoras de pintura e de aplicação de cor. Trabalhando diretamente no campo, ele seguiu a prática dos impressionistas de pintura ao ar livre, a fim de capturar os efeitos fugitivos da luz.
Seurat também estudou com afinco e assiduamente a evolução contemporânea da física, da óptica e da teoria da cor. De acordo com o moderno pensamento científico, ele aplicava na tela tons puros ao invés de pigmentos pré-misturados, e empregou a técnica de “mistura óptica”, na qual as cores complementares “vibram” quando colocadas em correspondência umas com as outras. Seurat fez altamente ativa a superfície de sua pintura, com pinceladas em pequenos pontos, método que agora é conhecido como Pontilhismo.
O Pontilhismo (também designado por divisionismo) é uma técnica saída do movimento impressionista, em que pequenas manchas ou pontos de cor provocam, pela justaposição, uma mistura óptica nos olhos do observador. Esta técnica baseia-se na lei das cores complementares, avanço científico impulsionado no século XIX pelo químico Michel Chevreul (1786–1889). Trata-se de uma consequência extrema dos supostos ensinamentos dos impressionistas, segundo os quais as cores deviam ser justapostas e não entremescladas, deixando à retina a tarefa de reconstruir o tom desejado pelo pintor, combinando as diversas impressões registradas. Estudiosos da arte também salientam que ”a técnica de utilização de pontos coloridos justapostos pode ser considerada o culminar do desprezo dos impressionistas pela linha, uma vez que esta é somente uma abstração do Homem para representar a natureza”.
Uma introdução (em Inglês) à tela de Seurat pode ser encontrada aqui no site da galeria onde se encontra exposta.