Rembrandt em seu autorretrato (1659)
Self-Portrait, 1659, Rembrandt van Rijn (Dutch Baroque Era Painter and Engraver, 1606-1669), Oil on canvas, 84,5 x 66 cm, National Gallery of Art, Washington, DC, USA
Quando visitei a Galeria Nacional de Arte em Washington, DC, dediquei algum tempo a observar este autorretrato de Rembrandt.
Já tem sido amplamente salientado que, como um filho apaixonado de sua época, Rembrandt nunca hesitou em se mostrar por meio de diversos autorretratos, evidenciando em cada um deles o impacto da trajetória histórica de sua vida intensa. Os autorretratos formam uma biografia única e íntima na qual o artista se retrata sem qualquer vaidade e com uma sinceridade extremada. Nos seus últimos anos, Rembrandt pintou seus autorretratos mais reflexivos (de 1652 a 1669 ele pintou quinze deles). Enquanto muitos artistas produziam, no máximo, cinco autorretratos durante toda a vida, Rembrandt descreve-se em aproximadamente quarenta a cinquenta pinturas, trinta e duas gravuras e diversos desenhos. Muitos especialistas concordam que os autorretratos de Rembrandt refletem sua jornada pelo autoconhecimento.
Eis a descrição do seu autorretrado exposto acima:
No autorretrato pintado em 1659 (National Gallery of Art, Washington), Rembrandt se faz representar mediante uma composição ampla, com rico tratamento pictórico que mescla um chiaroscuro ao mesmo tempo vigoroso e suave. A figura parece banhar-se em uma luz interior que faz denotar uma rica vida espiritual, fruto de muitas experiências trágicas que deixaram suas marcas no rosto retratado. Uma preocupação com a auto-análise aparece na sua expressão imponente. Os músculos faciais já estão flácidos, mas, ao mesmo tempo, evidenciam grande sensibilidade. Os olhos do artista idoso aparecem grandes e dominadores, revelando um ser humano vulnerável. Mas o pesar que o acomete aprofundou-lhe a compreensão. Ele manifesta-se livre do rancor, da autocomiseração e de quaisquer reações sentimentais fúteis.