O Conceito de Jonathan Edwards sobre as Afeições
No entender de Edwards, as afeições não devem se entendidas como meros sentimentos. Na realidade, ele diz, elas são “os exercícios mais vigorosos e sensíveis da inclinação e da vontade da alma”.
Edwards reconhece a dificuldade de dar uma definição abrangente de afeições. A razão, segundo ele, é que a linguagem é um tanto imperfeita para expressar claramente as complexas faculdades da alma humana.
A despeito dessa dificuldade, ele reconhece que a alma foi dotada por Deus de duas faculdades: o entendimento, pelo qual ela é capaz de demonstrar percepção e especulação, ou pelo qual ela discerne e julga as coisas; e a inclinação, pela qual a alma não simplesmente percebe e vê as coisas, mas se inclina para elas, tanto no sentido de aceitá-las quanto de rejeitá-las. Edwards concorda que essa faculdade pode ser chamada por diferentes nomes, como vontade e mente, mas ela é frequentemente denominada coração. Em tudo o que fazemos, ele argumenta, e quando agimos voluntariamente, “existe um exercício da vontade e da inclinação. É a nossa inclinação que nos governa em nossas ações”. Esses atos da inclinação e da vontade em nossas ações diárias não são ordinariamente chamados afeições. Todavia, elas estão presentes em toda decisão simples que governa a nossa vida diária. […]
Por outro lado, analisando a constituição do homem, Edwards o vê como um ser integrado, não adotando uma perspectiva dividida. Assim, alma e corpo são considerados tão estreitamente unidos que qualquer influência sobre a primeira pode afetar o segundo e vice-versa.
(MATTOS, Luiz Roberto França de. In: Jonathan Edwards e o Avivamento Brasileiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 73. Jonathan Edwards, 1703-1758, foi um teólogo e filósofo norte-americano. Leia também: Os atos intensos da vontade – Jonathan Edwards)