O Culto da Personalidade – Albert Einstein
O culto da personalidade é a meus olhos sempre injustificado. É claro, a natureza reparte seus dons de maneira muito diferente entre seus filhos.
Mas, graças a Deus, existe grande número de filhos generosamente dotados e, na maior parte, levam uma vida tranquila e sem história. Parece-me portanto injusto e até de mau gosto, ver umas poucas pessoas incensadas com exagero e, além do mais, gratificadas com forças sobrehumanas de inteligência e de caráter. É este meu destino! Ora, existe um contraste grotesco entre as capacidades e os poderes que os homens me atribuem e aquilo que sou e o que posso. A consciência deste estado de coisas falacioso seria insuportável, se uma soberba compensação não me consolasse. Porque é um sinal encorajador em nossa época, tida por tão materialista, que transforme homens em heróis, quando as finalidades de tais heróis se manifestam exclusivamente no domínio intelectual e moral. Isto prova que o conhecimento e a justiça são, para grande parte da humanidade, julgados superiores à fortuna e ao poder.
(Albert Einstein, 1879-1955. In: Como Vejo o Mundo. 6a ed. Tradução de Mein Weltbild, 1953, por H. O. de Andrade. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1981, pp. 52-53.)