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Mal Secreto – Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma e destrói cada ilusão que nasce;
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente talvez que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez, existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

(“Mal Secreto”. Soneto de Raimundo da Mota Azevedo Correia, 1859-1911)

The Duel After the Masquerade, 1857-1859, Jean-Léon Gérôme

The Duel After the Masquerade, 1857-1859, Jean-Léon Gérôme (French Academic Painter and Sculptor, 1824-1904), oil on canvas, 39.1 x 56.3 cm, Musée Condé, Chantilly

Quadro em que Gérôme mostra o resultado de um duelo após um baile à fantasia. É madrugada em um dia de inverno no Bois de Boulogne, em Paris, e Pierrot sucumbe nos braços do Duque de Guise. O doge veneziano examina a ferida de Pierrot enquanto Dominó leva as mãos à cabeça em desespero. À direita, o vitorioso índio americano vai embora, acompanhado por Arlequim. As fantasias da festa “encobrem” a tragédia na vida.