“Todos temos que receber e aprender” – Goethe
Goethe in the Roman Campagna (Goethe in der römischen Campagna), 1787, Johann Heinrich Wilhelm Tischbein (German Painter, 1751-1829), oil on canvas, 164 × 206 cm (64.6 × 81.1 in.), Städel Museum, Frankfurt, Germany. Large size here.
No fundo, porém, nós todos somos seres coletivos, não importa como nos coloquemos. Pois, como é pouco o que temos e somos e que podemos chamar, no sentido mais puro, de nossa propriedade! Nós todos temos que receber e aprender, tanto dos que existiram antes de nós quanto dos que existem conosco. Mesmo o maior dos gênios não iria muito longe se tivesse que dever tudo à sua própria interioridade. Conheci artistas que se gabavam de não ter seguido qualquer mestre, e de ter de agradecer apenas à sua própria genialidade para tudo. Tolos! Como se isso fosse de todo possível. Como se o mundo não se tivesse forçado sobre eles em cada passo que deram, fazendo deles alguma coisa apesar de sua própria estupidez. […] E, de fato, o que há de virtuoso em nós, se não o poder e a inclinação para apropriar-nos dos recursos do mundo exterior, e torná-los subservientes aos nossos fins mais elevados? […] De modo algum eu devo minhas obras exclusivamente à minha própria sabedoria, mas a milhares de coisas e pessoas ao meu redor que me forneceram material. Havia tolos e sábios, mentes iluminadas e obtusas, infantes, jovens e pessoas adultas — todos disseram o que sentiam, o que pensavam, como viviam e trabalhavam, e quais as experiências que adquiriram. Eu não tinha outra coisa a fazer, além de estender a mão e colher o que os outros haviam semeado para mim.
(Johann Wolfgang von GOETHE [1749-1832]. Tradução da edição em inglês de Conversações de Goethe, de 1832, ano de seu falecimento aos oitenta e dois anos. Excerto da “conversação” com Johann Peter Eckermann [1792-1854], de 17 de fevereiro de 1832. Tradução minha, após entrar em contato com esta obra de Goethe em visita à Goethe-Haus [“Casa de Goethe”], Frankfurt, Alemanha, em 15 de outubro de 2015)